bocage...



quantas vezes, amor, me tens ferido?
quantas vezes, razão, me tens curado?
quão fácil de um estado a outro estado
o mortal sem querer é conduzido!

tal, que em grau venerando, alto e luzido,
como que até regia a mão do fado,
onde o sol, bem de todos, lhe é vedado,
depois com ferros vis se vê cingido:

para que o nosso orgulho as asas corte,
que variedade inclui esta medida,
este intervalo da existência à morte!

travam-se gosto, e dor; sossego e lida;
é lei da natureza, é lei da sorte,
que seja o mal e o bem matiz da vida.

One thought on “bocage...”

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