o recreio


na minha alma há um balouço
que está sempre a balouçar
—balouço à beira de um poço,
bem difícil de montar...

— e um menino de bibe
sobre ele sempre a brincar...

se a corda se parte um dia
(e já vai estando esgarçada),
era uma vez a folia;
morre a criança afogada...

— cá por mim não mudo a corda
seria grande estopada...

se o indez morre, deixá-lo...
mais vale morrer de bibe
que de casaca... deixá-lo
balouçar-se enquanto vive...

— mudar a corda era fácil...
tal ideia nunca tive...

mário de sá-carneiro

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